Cada
vez mais escovas elétricas ocupam as prateleiras das farmácias e dos
supermercados. Mesmo assim, são as convencionais que costumam parar nas
pias da maioria dos brasileiros. Será que, em nome da saúde bucal,
chegou a hora de aposentar os modelos comuns e investir na versão movida
a pilha ou bateria? Bom, algumas pesquisas já compararam os dois tipos.
Uma delas, conduzida na Universidade de Sheffield, na Inglaterra,
aponta que as escovas com movimentos automáticos de rotação e oscilação
são, sim, mais efetivas para remover a placa bacteriana e reduzir o
risco de desenvolver gengivite. Porém, outro experimento, esse assinado
por uma equipe do Hospital Frenchay, também no Reino Unido, não chegou a
quaisquer evidências de que elas realmente limpam melhor os dentes.
"Ainda
falta uma prova clara de que as escovas elétricas sejam mais eficazes
em relação às normais", resume a dentista Livia Tenuta, professora da
Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da Universidade Estadual de
Campinas, no interior paulista. "Muitos dos trabalhos científicos
disponíveis não cobrem um período de tempo longo o suficiente para
avaliar todos os possíveis efeitos dos equipamentos mais modernos",
explica o odontologista Fabio Correia Sampaio, docente da Universidade
Federal da Paraíba.
Embora
não exista um vencedor incontestável nesse duelo, os profissionais já
citam alguns benefícios obtidos com as elétricas. "Seus movimentos
padronizados, por exemplo, são bem-vindos. A gente nota que, na
escovação manual, eles podem variar bastante", observa Livia. "As
versões que realizam oscilações e rotações automaticamente chegam a
funcionar de modo semelhante à limpeza feita pelo dentista", acrescenta o
periodontista Cláudio Mendes Pannuti, professor da Faculdade de
Odontologia da Universidade de São Paulo.
Suas
cerdas também levariam certa vantagem. "Por serem diminutas, permitem
alcançar partes dos dentes que os tipos tradicionais não conseguem
atingir", nota o cirurgião-dentista José Luiz Lucarelli, membro da
Academia Americana de Cosmética Oral. Para o odontologista carioca Mário
Groisman, mestre em ciências dentais pela Universidade de Lund, na
Suécia, as escovas elétricas ainda podem servir como motivação extra
para higienizar a boca com mais frequência. "Além disso, elas são
especialmente indicadas para pessoas que apresentam incapacidades
motoras", avalia.
Apesar
desses pontos a favor, é recomendável conversar com o seu dentista para
calcular se, de fato, o investimento em uma escova elétrica trará
retorno a você. Mesmo se optar por uma delas, não deixe de buscar
orientações sobre como utilizá-la - não, não basta só encostar suas
cerdas de qualquer jeito na dentição. "Às vezes, movimentos inadequados
podem até causar prejuízos", alerta Sampaio. No final das contas, todos
os especialistas concordam que, para manter a boca limpa e protegida,
importante mesmo é a forma e a regularidade com que escovamos os dentes e
passamos o fio dental. Não há tecnologia capaz de desbancar a adoção
desse hábito.
Apetrechos que fazem a diferença
Determinados
modelos elétricos não se limitam a mexer suas cerdas de um jeito
padronizado com o apertar de um botão. Hoje em dia, por exemplo, há
escovas que vêm acompanhadas de um timer. "Ele mostra o tempo que se
deve passar higienizando cada área da boca", destaca Livia Tenuta. Já
outras opções conseguem perceber quando você exagera na força da
escovada. "Se o indivíduo aplica muita pressão, ela para de funcionar ou
reduz sua potência. E isso evita machucados na gengiva", esclarece
Cláudio Mendes Pannuti.
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