De acordo com pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência, a população vegetariana cresceu 75% nas regiões metropolitanas entre 2012 e 2017. Apesar do número expressivo, substituir carne por vegetais, grãos e cereais ainda é uma decisão difícil de ser tomada.
Mas afinal, porque isso acontece? Consumimos carne por hábito cultural ou porque acreditamos que, de fato, nosso organismo precisa dela para manter-se saudável? Pensando em desvendar esses mitos e te ajudar a tomar uma decisão consciente, criamos o artigo de hoje. Acompanhe a leitura!
Afinal, comer carne é mesmo necessário?
Na verdade, não. Ainda que culturalmente sejamos levados a acreditar que a proteína animal é indispensável para o bom funcionamento do nosso organismo, essa afirmação não poderia estar mais longe da verdade.
É perfeitamente possível ter uma alimentação saudável sem incluir proteína animal, já que as 0,8 gramas de proteína por quilograma de peso corporal recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) podem ser obtidas de fontes vegetais sem qualquer prejuízo ao organismo.
No entanto, quem opta por esse tipo de alimentação precisa fazer substituições inteligentes e incluir uma grande variedade de vegetais no seu cardápio para alcançar a cota diária e garantir que o corpo receba todos os nutrientes necessários para o seu bom funcionamento.
Mesmo os ovolactovegetarianos, ou seja, que não excluíram ovos e leites de sua dieta, precisam valer-se dessa regra.
Isso porque, ainda que não tenham problemas em atingir o nível recomendado de proteínas, eles precisam garantir a sua cota diária de minerais, especialmente de ferro, que pode ser obtido de fontes como soja, feijão, espinafre, couve e brócolis, preferencialmente acompanhados de uma fonte de vitamina C, como laranja ou acerola, que auxiliam na absorção do nutriente.
Já os vegetarianos estritos podem substituir carne por fontes de proteína vegetais, como a ervilha, a Quinoa, a soja e a chia. A única exceção é a vitamina B12, que não é produzida pelo corpo e nem pode ser obtida por meio de vegetais, uma vez que é fabricada por bactérias encontradas nos animais.
No entanto, mesmo essa questão é simples de resolver: basta consumir produtos fortificados com vitamina B12 ou mesmo fazer a suplementação com cápsulas encontradas facilmente em farmácias.
Saiba quais são as fontes de proteínas vegetais de alto valor biológico
Há quem acredite ainda que embora seja possível substituir carne e seus derivados por fontes de proteína vegetal, estas não seriam tão completas, o que não é verdade.
As proteínas são formadas por moléculas de aminoácidos. Dos 20 tipos de aminoácidos que o corpo utiliza para a produção de suas proteínas, 11 são produzidos pelo próprio organismo, os chamados aminoácidos não essenciais.
Os 9 tipos restantes — fenilalanina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, treonina, triptofano, histidina e valina — são aqueles que o corpo não consegue produzir, e são chamados de aminoácidos essenciais.
Uma proteína é considerada completa, ou de alto valor biológico, quando contém todos os aminoácidos essenciais de que o organismo necessita para poder funcionar adequadamente.
Ocorre que as proteínas de alto valor biológico não são exclusividade das fontes animais. Existem vegetais que são excelentes fontes de proteínas de alto valor biológico, razão pela qual não há nenhum motivo para acreditar que elas sejam “mais pobres” do que as primeiras.
Entre as fontes vegetais de proteínas de alto valor biológico podemos citar a ervilha, a Quinoa, a chia, os cogumelos, a soja e o clássico arroz e feijão.
Retirar a carne do cardápio é mesmo uma boa ideia?
Mas afinal, ainda que seja totalmente possível substituir a proteína animal pela vegetal sem diminuir a qualidade da alimentação e que o consumo de carne seja supervalorizado em nossa sociedade, retirar esse item do cardápio é mesmo uma boa ideia?
Ao menos é o que garantem as pesquisas. De acordo com um estudo realizado pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, com mais de 120 mil pessoas ao longo de 20 anos, quem come menos carne vermelha vive mais e tem menos chance de desenvolver doenças cardiovasculares do que aqueles que incluem hambúrgueres e carnes processadas regularmente em sua dieta.
Além disso, o consumo regular de carne também está associado a maiores índices de câncer de intestino, boca, faringe, estômago, mama e próstata.
Outra questão a ser considerada é a ambiental. Os rebanhos consomem boa parte dos recursos do planeta. Para se ter uma ideia, para produzir um quilo de carne, consomem-se cerca de 43.000 litros de água, enquanto um quilo de tomate gasta apenas 200 litros.
Além disso, grande parte dos vegetais que produzimos é destinada aos animais, o que estimula a monocultura de grãos. Em um mundo vegetariano, as plantações seriam mais diversificadas e haveria mais recursos para combater a fome mundial.
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