13.11.10

ADEUS ENXAQUECA


Analgésicos tratam apenas dos sintomas, mas é possível identificar e eliminar as causas.
Tarde de consultório cheio no ambulatório do hospital. Assim que uma paciente sai, repentinamente entra minha colega médica dermatologista. dizendo:
"Preciso de um esclarecimento. Vejo as pacientes que entram e saem do seu consultório e as ouço falando que não sofrem mais de cefaléia ou enxaqueca, sentem-se curadas, como se isso fosse possível! Eu, que sou médica e tenho acesso a todos os colegas clínicos e neurologistas, sofro de uma enxaqueca terrível, que tem transformado minha vida numa guerra de efeitos colaterais de medicamentos. Agora mesmo estou aqui com minha cabeça parecendo que vai explodir! Está sendo um suplício trabalhar. Há alguma coisa que eu não estou sabendo sobre enxaqueca que seja do seu conhecimento?"
Tarefa difícil. Como explicar àquela médica competente e esclarecida que a imensa gama de informações que ela obteve do assunto, como também a montanha de medicamentos que ingeriu nesses anos de enfermidade, atacavam os efeitos, mas não a causa do seu mal?
A proposta desta matéria é demonstrar o poder da mudança dos hábitos e do estilo de vida para a remissão desse quadro de sofrimento e perdas que atingem porção significativa da sociedade. à luz de mais de 15 anos de experiências majoritariamente bem-sucedidas.

Dor de homem e de mulher!
Em primeiro lugar aqui, vamos situar o problema chamado enxaqueca, ou, como é denominada tecnicamente, migrânea. Segundo estudos, não param de aumentar o número das diferentes formas em que se apresentam as dores de cabeça ou cefaleias (fala-se em mais de 200 tipos descritos). Elas dividem-se basicamente em primárias e secundárias. Cefaleias primárias são aquelas essencialmente cerebrais, em que não coexistem alterações orgânicas como: infecções, febre, hipertensão, hemorragias, crises de abstinência, etc. Entre as cefaleias primárias, a mais comum e conhecida é a enxaqueca ou migrânea.
A migrânea é uma dor de cabeça de começo fraco, mas que vai aumentando até se tornar insuportável. Sua duração varia de 4 a 72 horas, em geral, se bem que em hospitais não é raro observarem-se casos que ultrapassam esse limite. É com frequência pulsátil, como se o coração estivesse batendo dentro do cérebro, acometendo um só lado da cabeça. Em outra crise poderá ocorrer no lado oposto, ou, menos frequentemente, na cabeça toda. Vem invariavelmente acompanhada de náuseas, nem sempre com vômitos, mas com severa intolerância à luz (fotofobia), barulho (fonofobia), odores (osmofobia). A dor piora com atividades físicas.
Em aproximadamente 20% dos casos, a dor de cabeça é precedida pela chamada aura, fenômenos sensoriais que se manifestam de 10 a 30 minutos antes das dores. A aura é caracterizada por fenômenos sensoriais temporários, com perda de visão lateral (enxerga-se apenas o centro do campo visual), imagens turvas, pontos luminosos, formigamento ou dormência em um lado da face ou em um dos membros superiores ou ainda em uma das mãos. Agride mais mulheres que homens, na proporção de 4 para 1.
Dentre as cefaleias primárias, deve ser destacada a cefaleia em salvas, por sua gravidade e enorme semelhança à enxaqueca. Ela acomete as regiões temporais ou "atrás dos olhos". Também ocorre em um dos lados do cérebro e se apresenta como uma facada, e por isso é considerada a pior dor que existe. No lado atingido ocorre queda palpebral (a pálpebra fica mais baixa do que o normal), lacrimejamento e coriza. Ao contrário da enxaqueca, a cefaleia em salvas acomete 5 vezes mais homens do que mulheres e dura de alguns minutos a uma hora.

Dor de cabeça não é normal
Devido ao grande número de cefaleias, torna-se imprescindível a avaliação médica; de preferência, com neurologista ou clínico cefaliatra. Somente esses profissionais podem descobrir se as dores são crises de enxaqueca ou problemas que ponham a vida em perigo. Muitos pacientes, ao adentrar o consultório e começar a responder às perguntas do especialista, negam que tenham tido dor de cabeça. Porém, quando o médico pede que parentes ou acompanhantes confirmem se têm ocorrido eventuais dores de cabeça, surgem dados que revelam uma longa história de crises. Confrontados, os pacientes têm uma resposta pronta na maioria das vezes: "Ah, mas era uma dor de cabeça normal!", ou "nenhuma crise foi como esta!" Note que, devido a um mecanismo de defesa psicológico, o ser humano tem a tendência de afastar e diminuir a recordação do sofrimento, a fim de que ele não se perpetue. Por isso o subestima ou mesmo não se lembra de algo negativo. Contudo, nesse caso, essa atitude atrapalha a busca do diagnóstico e resulta em aumento do sofrimento presente.
É importante entender que não é normal sentir dor de cabeça. Em princípio, ela não é uma doença, mas um aviso: algo de errado está acontecendo no seu corpo. Ninguém tenta apagar aquela luzinha vermelha que acende no painel do carro ao estar dirigindo. Paramos no primeiro posto para que alguém encontre o problema que fez a luz acender. No entanto, quando a cabeça começa a doer, muitos lançam mão do primeiro analgésico que encontram para se livrar do incômodo. No começo, livram-se da dor, mas não do problema que ela está denunciando. Depois, virão crises, com intensidade crescente, até ocorrer uma crise numa intensidade jamais sentida, e a pessoa pensar que a cabeça vai "explodir". O mais interessante é que exatamente o abuso do consumo de medicações quando a dor persiste é que constitui um dos principais fatores de transformação da enxaqueca eventual ou episódica em quase diária e crônica.

Dor de enxaqueca ou sinal de AVC?
Sendo plantonista de emergência como neurologista do Hospital Geral do Estado da Bahia (HGE) há mais de 15 anos, posso afirmar que há uma diferença bastante nítida entre as crises de enxaqueca e os ataques vasculares cerebrais (AVCs, aneurismas): a dor de cabeça de enxaqueca é leve no início, mas o incômodo vai crescendo, com uma sensação de desconforto progressivo e náuseas; a dor do AVC vem como uma grande martelada na cabeça, de forma repentina e exige socorro rápido. Quando ocorrerem convulsões, deve-se procurar imediatamente um médico ou serviço de emergência. A crise convulsiva não faz parte dos eventos que acompanham a enxaqueca.
Seria muito bom que os que sofrem de enxaqueca tivessem um bloco de anotações ou anotassem no celular os detalhes de cada episódio de dor de cabeça: como surgiu, quais os acontecimentos do dia anterior, o que comeu, a que horas foi dormir, etc. Isso será útil para o médico e, mais do que tudo, norteará o próprio paciente a relacionar os fatores que desencadeiam a crise de enxaqueca. Mesmo porque a crise não "cai do céu"; ela é provocada por fatores, muitos deles desconhecidos pelos especialistas.
Uma pesquisa publicada na última edição do periódico Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry reforça o conceito já reconhecido pela literatura médica de que a enxaqueca crônica é um problema que vai muito além das dores de cabeça.
Foram estudados mais de 12.000 americanos com o diagnóstico de enxaqueca, cerca de 80% do sexo feminino. Os indivíduos com enxaqueca crônica (mais de 15 crises mensais) apresentaram indicadores de saúde piores do que aqueles com a forma episódica: tinham mais depressão, ansiedade, dor crônica, bronquite e asma, hipertensão arterial (pressão alta), diabetes, obesidade e maior risco de doença coronariana e derrame cerebral. Além disso, os portadores de enxaqueca crônica apresentavam mais problemas no trabalho, com faltas frequentes, maior chance de estarem desempregados e menor renda familiar. Segundo Ricardo Teixeira, do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da UNICAMP, estudos anteriores já haviam evidenciado que os portadores de enxaqueca crônica têm menor produtividade no trabalho e menos qualidade de vida em família.

Hereditariedade
Há uma tendência moderna de considerar hereditárias enfermidades que ocorrem em famílias, por gerações. Em relação a isso, gosto de dizer que, na verdade, hereditários são os hábitos de vida. As doenças que mais matam em nosso país- infarto cardíaco e AVC- têm origem semelhante, que é o bloqueio de vasos sanguíneos por gorduras trazidas por maus hábitos alimentares. No caso do AVC hemorrágico (derrame), há um rompimento do vaso, algo diferente, mas também decorrente do sedentarismo e de outros hábitos de vida causadores de hipertensão arterial.
A Universidade de Stanford, EUA, realizou uma pesquisa em busca dos fatores determinantes do binômio saúde/ doença. Concluiu-se que a influência dos hábitos de vida tem um peso de 53%, ou seja, mais do que 3 vezes maior do que fatores hereditários (17%). Os outros fatores são: meio ambiente (20%) e assistência médica (10%).
Não se pode descartar a importância de alguma tendência ou debilidade genética. Porém, mesmo nesses casos, os problemas (sejam eles enxaqueca, infarto ou AVC) podem ser prevenidos se os hábitos forem modificados. Veja na sequência desta matéria, orientações sobre estilo de vida que podem ajudar a resolver o problema da enxaqueca.

O repouso é sagrado
Durante 3 anos atendi em um hospital na região do Polo Petroquímico de Camaçari, a 41 quilômetros de Salvador, onde os trabalhadores são submetidos a jornadas de trabalho que variam a cada semana: 0h às 8h, 8h às 16h e 16h às 0h. Pude perceber nesses trabalhadores um índice de enxaqueca bastante elevado, em relação ao da população em geral. À medida que mais pacientes vieram ao consultório, percebemos que a desorganização do relógio biológico e a quebra do ritmo circadiano pelos turnos rotativos lhes traziam prejuízos enormes.
A alimentação que deixa de ser consumida nos horários e quantidade habituais, conforme a necessidade de energia nas horas seguintes, passa a ser a que está disponível naquela hora, haja fome ou não. O comprometimento do repouso era ainda pior. O trabalhador que, na semana anterior esteve em ação das 8h às 16h, na semana seguinte, passava a entrar às 16h e saía às 0h. Isso significava jantar e ir dormir quase às 3 da manhã, despertando às 6h com os barulhos dos membros da família, como a saída dos filhos para a escola e os pedidos da esposa (que também trabalha) para fazer pagamentos ou compras.
Menciono essa experiência porque é muito grande o número de trabalhadores em turnos rotativos em nosso país, e há gente em estado pior: na área da saúde, o problema se torna mais grave porque os plantões são fixos (só dia ou só noite) e os profissionais trabalham em 2 ou 3 lugares diferentes. Além de enxaqueca sofrem com a tontura enxaquecosa, e os atestados médicos acumulam-se nas indústrias, empresas e serviços de saúde. Há ainda os que trabalham normalmente durante o dia, mas à noite cursam sua faculdade ou fazem um curso técnico, entrando madrugada adentro para dar conta das tarefas extraclasses ou estudar para as provas.
Não é necessário ser médico para compreender que não adianta consumir medicamentos, por melhores e mais específicos que sejam, se forem mantidos hábitos de vida como esses.
O sono é restaurador do sistema nervoso. Estudos da Universidade de Washington, conduzidos pelo Dr. David Holtzman, demonstraram que uma noite bem dormida previne o declínio cognitivo, a perda de memória recente e da capacidade de aprendizagem. A privação do sono, por sua vez, aumenta o acúmulo de placas amilóides no encéfalo, sinal da possibilidade de desenvolver demências como o mal de Alzheimer.
Sabe-se que as horas que antecedem a meia-noite correspondem ao sono de melhor qualidade. O hormônio do crescimento é secretado na corrente sanguínea nas primeiras horas da noite se a criança estiver dormindo. O relógio biológico e o ritmo circadiano dos seres humanos leva em conta a relação dia/noite. Não é a mesma coisa dormir de 0h às 8h ou das 21h às 5h, embora em ambos os casos se durmam 8h. Nessa última hipótese está sendo respeitado o relógio biológico e o proveito será muito maior.
Veja agora, dicas para quem está em situação de impedimento do sono regular.

Você quer dormir, mas não pode?
  1. Se você não trabalha, não estuda nem dá aulas à noite, durma cedo. Se você precisar estudar, comece às 4h da manhã, por exemplo. Ninguém tem "a noite toda", pois ela se destina ao repouso e recuperação do sistema nervoso, mas os notívagos tem a ilusão de tempo ilimitado disponível. Portanto, como não terá mais "a noite toda" para essa atividade, se você se programar, obterá melhor resultado, sem aniquilar seus neurônios.
  2. Se você estuda à noite ou trabalha em regime de turnos ou plantões, procure valorizar cada minuto disponível para dormir. Não se iluda com o cochilinho que se permite no hospital, durante a madrugada, ou no ônibus que o transporta do trabalho para casa: ao chegar do trabalho, só uma coisa é imprescindível: dormir. Dormir o quanto antes e, se possível, sem horário para ser despertado mesmo que seja para comer. A refeição pode e deve esperar a recuperação do sistema nervoso.
  3. Para dormir bem, é necessário estar com o estômago vazio, pois, durante o sono, o ritmo do metabolismo cai de 4 a 6 vezes, fazendo com que a digestão eleve esse número de vezes por mais tempo. Se imaginarmos um tempo médio de 3h para a digestão de uma refeição como almoço ou jantar, durante o sono, a digestão se prolongaria por 12 a 18 longas horas. Como os períodos de sono são de 6 a 7h, ao despertar, a digestão ainda está em processo, fermentando, deteriorando e gerando náuseas e irritação na pessoa, que sai de casa sem comer. Portanto, coma só frutas em sua última refeição antes de dormir, seja à noite ou após o plantão ou turno.
  4. Encontre tempo para fazer algum exercício diariamente, mesmo que sejam apenas 30 minutos. Costumo dizer aos meus pacientes: quem não anda, não dorme. E quem não dorme acabará sofrendo de dor de cabeça porque o sistema nervoso a usará como o aviso de que algo está errado.
Seu corpo em movimento
Atualmente, quase todas as pessoas reconhecem algo do valor dos exercícios físicos. O problema é que são poucos os que o praticam e menos ainda os que os fazem diariamente. Estudos têm demonstrado que os efeitos do exercício no metabolismo perduram por apenas 24h. Isso não significa que quem só pode se exercitar um dia ou outro pode desistir. É melhor fazer exercícios e brindar o organismo com um chuveiro de serotonina 3 ou 4 dias da semana do que privá-lo indefinidamente de receber benefícios. No entanto, muitos que se programam para se exercitar dia sim dia não, acabam percebendo que a maior parte se tornou "dia não".
É lamentável, mas há constantemente outros compromissos para roubar do indivíduo a condição de cuidar do seu maior bem, que é o próprio corpo. Já entre os que se decidem a praticar exercícios diariamente, as faltas são mínimas. Isso se explica pelo fato de que para esses o exercício é uma atividade básica, como comer e dormir. O tempo para se exercitar está separado na agenda e faz parte do dia. O ideal é começar com ele.
Pesquisas recentes na Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, revelam que o exercício melhora a elasticidade das artérias, aumentando o fluxo sanguíneo. Com mais sangue, oxigênio e nutrientes (vindos de uma boa alimentação) para os neurônios, as células do cérebro se "blindam" contra o AVC. A atividade física estimula o surgimento de novos neurônios em setores essenciais do cérebro.
A substância de maior importância envolvida nas crises de enxaqueca, bem como na depressão, é a serotonina. A serotonina é o neurotransmissor responsável pelo bom humor, otimismo e soerguimento da autoestima. Nos pacientes vítimas de enxaqueca e/ou depressão é grave a falta de serotonina. O exercício físico é um estimulador da produção desse neurotransmissor. A caminhada ao ar livre, especialmente pela manhã, é o mais rápido e eficaz antidepressivo. Sua ação na enxaqueca potencializa os recursos do repouso e de uma alimentação saudável, rica em triptófano (aminoácido precursor da serotonina), trazendo não só a eliminação das crises de enxaqueca, como colocando em seu lugar boa disposição e uma nova autoestima.

Alimentação saudável
Aqui está o ponto fundamental do tratamento da enxaqueca. Nos levantamentos dos hábitos alimentares dos pacientes com enxaqueca, 90% praticam hábitos alimentares que priorizam a tiramina, substância comprovadamente envolvida nas crises da dor de cabeça. Os alimentos mais comumente usados que possuem alto teor de tiramina são: queijos, conservas, embutidos (salsichas, salame, mortadela), defumados, chocolate e amendoim.
Além disso, há o consumo de massas refinadas (pão, biscoitos, macarrão, pizza, arroz branco) que literalmente se "colam" nos intestinos, formando depósitos que dificultam ou bloqueiam temporariamente o trânsito intestinal. Os raios X revelam como se formam os acúmulos de dejetos (fezes endurecidas) principalmente nos ângulos intestinais e o bolsão em que se transforma o que é o pequeno reto. Esse fato, comumente chamado de prisão de ventre ou obstipação intestinal, é determinante para o diagnóstico correto do mal, sem detrimento de outros aspectos já abordados.
É importante frisar antes de tudo o que os estudantes da área de saúde aprendem ao estudar fisiologia: todo ser humano nasce com o reflexo gastrocólico. Esse reflexo natural determina que cada indivíduo ao terminar de comer, encher o estômago (gastro), deve sentir vontade de esvaziar o intestino (cólon). Isso proporciona mais espaço para a movimentação do estômago para digerir e condições para que os movimentos do intestino delgado, chamados de peristaltismo, abram espaço para o volume de alimento digerido a ser enviado pelo estômago ao fim da digestão. As ciranças pequenas apresentam esse reflexo, e cada refeição corresponde a uma evacuação. Entretanto, quando começam a ir para a escola, entram em cena os lanches de massas refinadas, com prejuízo da sáude, é claro.
Às vezes, um paciente nega que sofre de prisão de ventre, imaginando que esse é o caso de quem fica uma semana sem ir ao banheiro. Isso também é verdade, mas geralmente faço a seguinte conta:
Digamos que você vá ao banheiro "quase" todos os dias: 20 dias/mês e que faz normalmente 5 refeições ao dia (com lanches), num total de 150 ingestas/ mês. Ora, 150 refeições ao mês menos 20 eliminações resultam na retenção de 130 coleções de resíduos alimentares a cada mês!
Imagine quanto isso representa por ano e multiplique pelos anos de vida. Surpreende que o abdome não tenha explodido! O corpo se adapta, mas a um custo altíssimo: dores de cabeça insuportáveis, com náuseas, tontura e que só passam ou melhoram após os vômitos. Faz sentido agora?
O trio de ouro da vitória sobre a enxaqueca:
  1. Repouso- dormir o suficiente para restaurar o corpo do cansaço diário.
  2. Fazer exercícios físicos- pelo menos 3 vezes por semana.
  3. Alimentação- ingerir alimentos saudáveis.
Unicamente uma alimentação predominantemente de fibras, cruas de preferência, poderá desobstruir essas formações ao longo do tempo. Quem quiser obter alívio mais imediato poderá recorrer à hidrocolonterapia, ou a enemas evacuativos, encontrados em qualquer farmácia, e após pelo menos 3 dias de limpeza do cólon, utilizar um laxativo via oral para limpeza do intestino delgado.
O Dr. Hélnio Nogueira, que por anos foi diretor do Hospital Adventista de Campo Grande, MS, relatou em um congresso em São Paulo, o caso de um paciente que deu entrada no hospital com uma dor de cabeça tão forte que não havia medicamento analgésico que a controlasse a não ser morfina. Foram feitos todos os exames possíveis, mas nenhuma solução foi encontrada. Finalmente, os médicos envolvidos decidiram submeter o paciente a uma colonoscopia, buscando alguma formação tumoral ou algo equivalente nos intestinos que pudesse justificar a severa dor de cabeça. Providenciaram as operaçãoes de limpeza do intestino. Ele passou 1 dia inteiro nesse processo. No outro dia, o paciente acordou surpreso. Não sentia absolutamente qualquer coisa! Recebeu alta e foi para casa feliz da vida.
Algo parecido também ocorreu com minha colega dermatologista. Após aquela consulta outras se seguiram, ela foi bastante fiel às orientações e se livrou da dor de cabeça (veja abaixo o depoimento da Dra. Mayume).
Você também pode ter uma recuperação como nas experiências relatadas. Talvez não tão rápida, dependendo dos recursos utilizados, mas poderá fazê-la progressivamente, usando as dicas sob o título "Orientação alimentar antienxaqueca".
Essa não será sua alimentação para o resto da vida, mas é exatamente o que precisa para dar os primeiros passos em direção a uma vida sem enxaqueca e provavelmente sem outras enfermidades correlatas.

Minha vida sem enxaqueca
"Sofri por mais de 15 anos com crises de enxaqueca e já tinha me submetido a vários tratamentos, de acupuntura a medicamentos profiláticos prescritos por neurologistas. Melhorava por algum tempo, mas logo a dor de cabeça voltava, às vezes incapacitante e ficava por dias. Os analgésicos resolviam de forma insuficiente. Até que numa das últimas crises senti adormecer um braço, a boca e a língua. Achava que estava tendo um AVC e não enxaqueca. Procurei no dia seguinte o neurologista Dr. Elias (Dr. Elias Oliveira Lima, médico neurologista e nutrólogo, é diretor da Clínica Nat e autor deste artigo), que disse ser possível a cura, sem milagre e sem medicamentos. Eu duvidei, mas não aguentava mais tormar analgésicos quase diariamente e continuar com dor de cabeça. Então, aceitei o desafio: mudar completamente a alimentação e o estilo de vida. Já na primeira semana de tratamento senti o alívio, a dor foi embora, a disposição aumentou e desde então não mais tenho crises de enxaqueca. Já faz 1 ano que não tomo analgésicos e não tem guloseima que compense uma vida sem enxaqueca!"

Orientação alimentar antienxaqueca
Esta orientação alimentar tem o propósito de eliminar possíveis causas da enxaqueca. Para ter efeito, ela deve ser praticada durante 40 dias.

Primeiro dia
Só liquidos desde a manhã até às 12h do dia seguinte. Não usar leite, sopa nem vitaminas (batidas de frutas). Apesar de ser muito útil numa cozinha, o liquidificador não é bom amigo da saúde. Girando em alta velocidade, suas lâminas oxidam as vitaminas dos alimentos e alteram suas fibras. Além disso, ao liquefazer os alimentos, a tendência é não mastigar. Portanto, seja parcimonioso no seu uso.

Do segundo ao 40º dia
Desjejum: frutas exclusivamente cruas ou assadas. Acrescente banana-da-terra, banana São Tomé ou ainda maçã.
Lanches: usar apenas sucos (sem açúcar) ou água de côco. Beber muita água ao longo do dia, exceto nos primeiros 90 minutos após as refeições. Lembre-se: você tem muitos depósitos para diluir.
Almoço: metade deve ser de saladas cruas. Uma ou duas verduras cozidas. Batata, mandioca e aipim são raízes feculentas: portanto, não devem ser usadas. Acrescente ao almoço após o 8º dia arroz integral ou milho verde com feijão verde ou ervilhas. Evite alimentos como queijo, carne e frutos do mar.
Jantar: substitua por frutas suculentas (um tipo cada dia) exclusivamente (sem sopa, café, biscoito, pão, macarrão, bolo). Faça disso um hábito: é mais saudável e rejuvenesce.

Terminados os 40 dias, você terá condição de se avaliar em relação ao que estará sentindo. A melhoria compensou? Então, não volte aos antigos hábitos alimentares sob risco de receber de volta todo o sofrimento das crises de enxaqueca. Acrescente a essa alimentação básica, que deverá ser mantida, ingredientes saudáveis como:
Desjejum: granola integral com iogurte integral desnatado ou leite de soja original, mais duas colheres de castanha-do-pará ou de nozes (cruas), em dias alternados. Continue evitando pão, bolo e biscoitos por pelo menos 6 meses.
Almoço: acrescente pratos à base de verduras, sem farinha de trigo (mantenha distância das massas, como já mencionado); use grãos integrais: grão-de-bico ou lentilha ou favas, etc.
Jantar: manter as frutas, acrescentando frutas secas, sem açúcar. Quando jantar fora, utilize exclusivamente uma salada de hortaliças cruas.
Você verá que a vida sem enxaqueca é muito melhor. Persistindo nesses hábitos saudáveis, estudando e aperfeiçoando os cuidados com o corpo, você obterá um alto nível de qualidade de vida e poderá saber finalmente o que significa longevidade.
E não se esqueça: dar ao corpo o repouso e o exercício que ele precisa é imprescindível para tudo isso dar certo.

Alimentos pró-enxaqueca:
  • Queijos
  • Conservas em geral
  • Embutidos (salsichas, salame, mortadela, por exemplo)
  • Defumados
  • Chocolate
  • Amendoim
  • Pão branco
  • Macarrão
  • Arroz branco
  • Refrigerantes
  • Bolos, doces, sorvetes
Alimentos contra enxaqueca:
  • Água pura
  • Arroz integral
  • Trigo integral
  • Aveia
  • Quinua
  • Amaranto
  • Lentilhas
  • Grão-de-bico
  • Milho
  • Ervilha
  • Verduras folhosas cruas
  • Frutas
  • Castanhas
  • Amêndoas
  • Nozes