25.10.13

COMO VAI A SAÚDE DE SEUS PÉS?

Os pés normalmente são negligenciados no trabalho corporal, mas, como qualquer parte do corpo, têm articulações, músculos, cápsulas e ligamentos, necessitando ser mobilizados, alongados e fortalecidos para se tornarem e se manterem saudáveis.
Pés mal tratados podem comprometer a saúde de todo o corpo, incluindo da coluna e de outras articulações. Pisar mal pode vir a ser a causa de cefaleias, dores nas costas, escolioses e lordoses, além de problemas nos ombros, nos membros inferiores, na pélvis ou em outras partes do corpo, principalmente quando combinamos isso com carregar peso excessivo.
Os pés são a base do corpo humano e têm a função de prover estabilidade, além de exercer funções importantes como a marcha. Qualquer lesão ou machucado pode acarretar assimetria e problemas de toda ordem neuro-musculoesquelética. O pé é a extremidade dos membros dos animais terrestres que assenta no solo. No homem e em outros bípedes, o termo se aplica apenas à parte final das extremidades inferiores.
Cada pé tem 26 ossos, cerca de 20 músculos, ligamentos, tendões, tecidos que atuam como amortecedores, absorvem e fazem a transdução do impacto de nossa pisada no chão para as articulações acima.
Os ossos dos pés formam uma plataforma mantendo a distribuição adequada para o equilíbrio dinâmico e, sendo uma unidade funcional, "os ossos do pé também transferem o peso do calcanhar para a parte anterior do pé, impulsionando a marcha".
Segundo o francês Eric Viel (2007) "a reverberação dos choques no calcanhar dissipa-se no esqueleto e nos músculos do membro inferior, passa pela pelve, para ser amortecida nos discos intervertebrais, e atinge a cabeça". Daí podemos perceber a importância de incluir os pés como parte fundamental dentro de um programa de exercícios.
"Uma rede de músculos, tendões e ligamentos move, suporta e mantém os ossos do pé na posição certa. Ajuda-nos a manter o equilíbrio sobre superfícies desiguais, proporcionando-nos a propulsão, elasticidade e flexibilidade necessárias para caminhar, saltar e correr."
Os músculos dos pés são divididos entre intrínsecos e extrínsecos. Suas funções incluem mover e estabilizar os dedos no chão, suportar o arco, levantar os dedos e controlar os movimentos do tornozelo etc. Os ligamentos fixam os tendões no lugar e estabilizam as articulações sendo a fáscia plantar, a estrutura mais longa do pé "que forma o arco entre o calcanhar e os dedos e permite manter o equilíbrio e caminhar".
Segundo Eric Viel, 2007, "O pé age, ao mesmo tempo, como uma mola de lâmina ao se deixar comprimir, e como amortecedor hidráulico dissipando uma parte das forças. Por essa razão, ele foi comparado a um amortecedor de choques e para cumprir eficazmente a sua função o pé deve ser flexível. O recebimento do peso do corpo determina, nas pequenas articulações, movimentos complexos de deslizamento e de rotação nos três planos no espaço. Rigidez é sinônimo de início das dores". O pé deve ser flexível e proporcionar uma sensação de leveza e flutuação.
Esse tema foi abordado durante a Conferência Internacional da PhysioPilates - Polestar, por Trent McEntire, conferencista internacional e presidente do conselho de administração da Pilates Method Alliance (PMA), uma Associação Internacional de profissionais de Pilates, fundada há 10 anos nos EUA, que vem definindo parâmetros para o Pilates. Trent chamou nossa atenção para a importância da saúde dos pés e alertou sobre a importância de estimular essas estruturas para uma melhor deambulação e postura.Ministrou exercícios específicos para desenvolver a inteligência, a força e a mobilidade dos pés incluindo o uso da banda elástica. Os participantes do workshop relataram uma sensação de flutuação e equilíbrio em todo o corpo após as práticas.
Os pés são divididos em três partes: Tarso - a parte superior, que se liga com os ossos da perna; metatarso - a parte mediana; e dedos que são as extremidades. Algumas partes dos pés são denominadas vulgarmente de "planta do pé" - a parte do pé que apoia no solo; é formada pelo calcanhar e pela face inferior dos ossos do metatarso e das falanges e é coberta por uma pele mais espessa do que no resto do corpo; "calcanhar" que é o osso calcâneo; "tornozelo", que é a articulação do pé com a perna.
Existem alguns tipos de pés. O pé plano ocorre pela queda do arco longitudinal do pé. Os ossos do tarso tendem a formar uma linha reta em vez de um arco, perdendo a função de amortecimento.Também temos o pé cavo, em que o arco longitudinal é muito acentuado, há excesso de pressão nas cabeças dos metatarsos que estão abaixadas, com formação de calosidades e fascite plantar. Também existem outros tipos de desalinhamentos:os pronados, quando o peso cai para dentro, os supinados, quando o peso está mais para a borda de fora do pé, entre outros. O apoio anormal leva também à formação de calosidades plantares e à metatarsalgia crônica. A persistência dessas alterações leva à artrose precoce, necessitando de exercícios de alinhamento, mobilização, propriocepção e força na sua trama de ossos, músculos, tendões, cápsulas etc.
Existem duas fases da marcha chamadas de apoio e oscilação, que são subdivididas em subgrupos nos quais o pé tem grande importância. Qualquer alteração numa dessas fases, seja por comprometimento no pé ou em qualquer outra área do corpo, pode causar lesões ou desequilíbrios afetando o corpo como um todo. Outras estruturas importantes do corpo fazem coordenação com a passada do pé: joelho, quadril, a posição do tronco e a cabeça, sendo importante manter essas áreas alinhadas para uma melhor harmonia.
Os ossos dos pés são projetados para se articularem e a mobilização deve ser estimulada e em conjunto com outras partes para oferecer uma melhor movimentação nas atividades de vida diária, de vida profissional ou de recreação. Mas quem é que cuida dos pés e das suas articulações?
Durante nossa evolução de vestuário foi necessário o uso de sapatos para cumprirmos com os nossos compromissos e, por questões estéticas, desenvolvemos modelos cada vez mais exóticos, que enchem os olhos de homens e mulheres. Mas, nem sempre esses sapatos são confortáveis para os pés e, com freqüência, torna-se um sacrifício para todo o corpo e para os próprios pés equilibrar-se sobre eles.
Para uma festa, escolhemos os sapatos mais bonitos, e não temos a urgência de nos preocupamos com o conforto, por ser uma situação extraordinária ou pontual. Mas imaginemos quem precisa utilizar um sapato de salto alto para trabalhar e necessita ficar de seis a oito horas por dia, todos os dias, com aquele calçado?
Já observaram a postura de pessoas que caminham de um lado para o outro com sapatos de salto alto ou apertados? Caminham em bloco, esquecendo-se de articularem esses ossos tão importantes, perdendo a sensação de flutuação que um pé bem trabalhado pode dar a todo o corpo. Esses indivíduos estarão mais sujeitos a terem lesões de todo tipo, ao longo de anos.
As mulheres, por exemplo, são candidatas a problemas em pés, tornozelos, joelhos e coluna, por conta do sapato alto. De acordo com Tatiana Abreu, sócia-fundadora da FisioRun Fisioterapia, "os saltos muito altos alteram a biomecânica da passada. Há, ainda, dificuldade na flexão da planta do pé, o que prejudica a circulação e potencializa a tendência ao aparecimento de varizes". Mas, os problemas não param por aí. A fisioterapeuta ressalta que, por conta da posição dos pés, "o salto 'encurta' a musculatura da panturrilha e, consequentemente, também o tendão de Aquiles. Dores no joelho, no arco anterior dos pés, joanetes, calos, tendinites, unhas encravadas e danos à coluna são outros problemas causados pelo salto alto". O salto alto muda a pisada normal, o apoio da carga desarrumando os ossos do pé, impedindo a sua mobilização, alterando o equilíbrio, o centro de gravidade e comprometendo a relação de alinhamento e sobreposição da cabeça, ombros, cintura pélvica e pés, sendo assim, potencializador de diversos problemas na coluna, quando utilizados em excesso.
É necessária uma mudança de hábitos como a de escolher cuidadosamente calçados mais adequados e avaliar sua marcha com regularidade.
Algumas patologias são chamadas de "síndromes" do pé e são percebidas quando surgem manifestações de: mialgia, tendinite, neurite, distensão, bursite de calcâneo,fascite plantar, metatarsalgia, calcâneo doloroso, dor no ante-pé, sesamordite, calosidade, fraturas,esporão e todas elas causam alterações na postura.
Essas síndromes devem ser investigadas e tratadas de imediato, para evitar lesões de maior impacto, porém o melhor caminho é a prevenção, com o trabalho diário de aquecimento, alongamento, fortalecimento muscular e consciência corporal.
É clara a importância da atenção e cuidados preventivos para evitar as alterações nessas estruturas de base, contribuindo, assim, para a diminuição da extensão dos desequilíbrios que desencadeiam nas estruturas superiores.

20.10.13

PRINCIPAL CAUSA DA CONFUSÃO MENTAL NO IDOSO


Sempre que dou aula de clínica médica a estudantes do quarto ano de Medicina, lanço a pergunta: 
- Quais as causas que mais fazem o vovô ou a vovó terem confusão mental? 
Alguns arriscam: *"Tumor na cabeça".
Eu digo: "Não". 
Outros apostam: "Mal de Alzheimer" 
Respondo, novamente: "Não".
A cada negativa a turma se espanta... E fica ainda mais boquiaberta quando enumero os três 
responsáveis mais comuns:
- diabetes descontrolado;
- infecção urinária; 
- a família passou um dia inteiro no shopping, enquanto os idosos ficaram em casa.

Parece brincadeira, mas não é. Constantemente vovô e vovó, sem sentir sede, deixam de tomar líquidos.
Quando falta gente em casa para lembrá-los, desidratam-se com rapidez.
A desidratação tende a ser grave e afeta todo o organismo. Pode causar confusão mental abrupta, queda de pressão arterial, aumento dos batimentos cardíacos ("batedeira"), angina (dor no peito), coma e até morte.
Insisto: não é brincadeira.
Na melhor idade, que começa aos 60 anos, temos pouco mais de 50% de água no corpo. Isso faz parte do processo natural de envelhecimento.
Portanto, os idosos têm menor reserva hídrica. 
Mas há outro complicador: mesmo desidratados, eles não sentem vontade de tomar água, pois os seus mecanismos de equilíbrio interno não funcionam muito bem.
Conclusão:
Idosos desidratam-se facilmente não apenas porque possuem reserva hídrica menor, mas também porque percebem menos a falta de água em seu corpo. Mesmo que o idoso seja saudável, fica prejudicado o desempenho das reações químicas e funções de todo o seu organismo.
Por isso, aqui vão dois alertas:
1 - O primeiro é para vovós e vovôs: tornem voluntário o hábito de beber líquidos. Por líquido entenda-se água, sucos, chás, água-de-coco, sopa e frutas ricas em água como: melão, melancia, abacaxi, laranja e tangerina também funcionam. O importante é, a cada duas horas, botar 
algum líquido para dentro. Lembrem-se disso!
2 - Meu segundo alerta é para os familiares: ofereçam constantemente líquidos aos idosos. Ao mesmo tempo, fiquem atentos. Ao perceberem que estão rejeitando líquidos e, de um dia para o outro, ficam confusos, irritadiços, fora do ar, atenção! É quase certo que sejam sintomas decorrentes de desidratação.
"Líquido neles e rápido para um serviço médico".

Arnaldo Lichtenstein, médico, é clínico-geral do Hospital das Clínicas e professor colaborador do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

2.10.13

EXERCÍCIO E PREVENÇÃO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

A inatividade é uma característica das sociedades modernas, em que o progresso e a tecnologia afastaram a necessidade da atividade física, antes fundamental para a sobrevivência do ser humano.
A associação entre o sedentarismo e a ocorrência de doenças cardiovasculares já foi estabelecida há quase 5 décadas, tendo sido demonstrada uma clara relação de dose e efeito entre a prática de atividades físicas e a ocorrência de eventos coronarianos fatais e não-fatais (p. ex.: infarto do miocárdio, angina do peito, morte súbita, etc.). O tipo de atividade física parece ter pouca relevância na obtenção desse efeito, importando mais o gasto calórico dispendido.
Á medida que aumenta o gasto calórico, diminui progressivamente o risco de um problema cardiovascular. Um gasto calórico superior a 2000 kcal por semana através de exercícios parece não adicionar nenhum benefício na prevenção de coronariopatias. A proteção do exercício se manifesta somente naqueles que estão se exercitando regularmente.
O fato do indivíduo ter sido um grande atleta no passado não confere proteção caso ele tenha voltado a ser sedentário. Ou seja, "exercício não é vacina", que é feita uma vez na vida e a proteção dura para sempre. A chave é manter-se sempre em atividade. As razões exatas para o efeito protetor do exercício regular não são ainda totalmente compreendidas, mas, com certeza, o efeito sobre alguns dos fatores de risco tradicionais é parte importante dessa proteção.
Fatores de Risco para Doença Cardiovascular
Os fatores de risco para doença cardiovascular são os principais responsáveis pelo desenvolvimento das placas de aterosclerose, que entopem as artérias. Dentre os fatores de risco tradicionais, o exercício regular é capaz de influenciar positivamente o perfil lipídico, a obesidade, a resistência à insulina e a hipertensão arterial.
Em relação ao perfil lipídico, ele promove o aumento das lipoproteínas de alta densidade, consideradas como sendo o "bom colesterol" (HDL - colesterol), que é capaz de retirar a gordura que deposita-se no interior das artérias, gerando as placas de aterosclerose. Ele diminui os níveis de triglicerídios e o efeito deletério das lipoproteínas de baixa densidade, também chamadas de "mau colesterol" (LDL - colesterol), responsáveis pelo depósito de gordura dentro das artérias.
Parte do efeito obtido pelo exercício passa pelo controle da obesidade. Os indivíduos que aderem a um programa de exercícios, além de gastarem mais calorias, eles demonstram maior capacidade em seguir uma dieta alimentar, facilitando a perda de peso. Nos adultos, o desenvolvimento de Diabete Melito ocorre pela resistência ao efeito da insulina e não pela falta dela. A insulina disponível, em quantidade suficiente, não consegue fazer com que a glicose (açúcar) penetre nas células e possa ser metabolizada.
O exercício diminui essa resistência à ação da insulina, facilitando a entrada da glicose na célula e retardando o aparecimento do quadro de Diabete Melito. Nos indivíduos que apresentam aumento sustentado da pressão arterial e começam a exercitar-se, observa-se discreta redução dos níveis pressóricos, que, em alguns casos, permite a redução, ou mesmo a suspensão da medicação anti-hipertensiva.
Arritmias Cardíacas
A ocorrência de descompassos no ritmo cardíaco, conhecidos como arritmias cardíacas, podem ser, tanto destituídos de qualquer significado clínico, como, em casos especiais, podem representar uma ameaça à vida. Um dos fatores responsáveis pela ocorrência dessas arritmias é a liberação de grandes quantidades de adrenalina durante momentos de grande tensão emocional ou durante exercício físico intenso e abrupto.
O treinamento físico diminui a quantidade de adrenalina que é liberada durante situações críticas, reduzindo o impacto sobre o coração. Um sedentário tem 100 vezes mais risco de ter uma parada cardíaca durante um exercício intenso e abrupto, ao qual ele não esteja habituado. Já um indivíduo bem condicionado fisicamente apresenta um risco apenas 2,5 vezes maior.
Risco de Trombose
O mecanismo principal de vários eventos cardiovasculares é a formação de um trombo dentro das artérias, provocando a oclusão do vaso e a interrupção do fornecimento de sangue. Como esse é um processo dinâmico, á medida que o trombo vai sendo formado, o organismo também vai desfazendo o trombo, através da fibrinólise. Através do exercício regular, é possível promover o aumento da fibrinólise, prevenindo a ocorrência de fenômenos trombóticos agudos, como o infarto do miocárdio.