5.5.12

CHIA, O GRÃO DA SAÚDE

ALIMENTO SE DESTACA PELAS QUALIDADES NUTRICIONAIS
Uma das principais fontes de alimentação  dos povos andinos da era pré colombiana, com indícios de que foi plantada desde 2600 A.C., a chia (Salvia hispânica) era muito cultivada no México e na Guatemala e tinha os astecas e os maias como principais consumidores, que ingeriam o grão para aumentar a resistência física. No entanto, por também ser usada em rituais sagrados, os colonizadores católicos condenaram o grão como ritual pagão e levaram o cultivo à extinção. Somente na década de 1990 o plantio foi retomado por pesquisadores argentinos e norte-americanos, que desenvolveram estudos sobre o grão e demonstraram, entre os benefícios, ação coadjuvante no combate de várias enfermidades, como obesidade, alterações gastrointestinais e doenças cardiovasculares.
Com aparência semelhante à do gergelim, a chia contém 40% de fibra dietética, 21% de proteína e 20% de ácidos graxos ômega 3. Além disso, contém 20% da dose diária recomendada para adultos de cálcio, fósforo, ferro, magnésio e potássio, e potente ação antioxidante contra os radicais livres. "A chia também possui ação anti-inflamatória e grande capacidade de absorção de glicose, ideal para a prevenção do diabetes e para o controle da insulina", explica a nutricionista Carolina Chica, do Departamento de Doenças Cardiovasculares da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Chile, que estuda o grão há mais de 10 anos.
A grande quantidade de fibra dietética- solúvel e insolúvel- propicia ação redutora do índice glicêmico da dieta e é reguladora do aparelho digestivo e da função intestinal. Por ter as fibras solúveis do tipo mucilaginosas, a chia tem a capacidade de absorver líquidos e gorduras aumentando em mais de 10 vezes o seu volume, o que pode proporcionar uma sensação de saciedade e contribuir para a diminuição do peso corporal. As fibras solúveis, quando agregadas à dieta, têm a capacidade de retardar o esvaziamento gástrico e a absorção de glicose pela circulação, o que contribui para um melhor controle do perfil glicêmico e colabora com a saúde de indivíduos com diabetes.
As fibras solúveis são prebióticos que, por sua vez, se apresentam como substrato para os probióticos- microrganismos que compõem a microbiota intestinal. "Este equilíbrio de prebióticos e probióticos tem ação condicional para a adequada absorção dos nutrientes pelo intestino e efeito imunomodulador", ressalta a nutróloga Marcella Garcez Duarte, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Outro ponto positivo é a proteína presente em 21% do grão que, por ser um macronutriente presente em todas as células do corpo e com aminoácidos que não podem ser sintetizados pelo organismo, deve ser inserida na dieta.
O ômega 3 se destaca porque é um ácido graxo com atividade protetora contra doenças cardiovasculares, por sua ação anti-inflamatória, antiagregante plaquetária, reguladora do perfil lipídico e da pressão arterial, além de estimular a comunicação entre os neurônios. O consumo de chia pode controlar os níveis de glicemia, a melhora do perfil lipídico, a função endotelial das células que revestem os vasos sanguíneos e o coração, a coagulação e o status de ferro, auxiliando também na diminuição do LDL-colesterol e no aumento do HDL-colesterol.
SUPERGRÃO
A Chia pode ser comparada a vários alimentos em virtude de seus componentes:
  • Ômega 3: linhaça, nozes e castanhas
  • Fibras solúveis: cereais integrais
  • Cálcio e fósforo: laticínios
  • Ferro e magnésio: folhas verdes
  • Potássio: bananas e laranjas 
INDICADA PARA TODOS
A chia pode ser consumida na forma natural, sem a necessidade de trituração para obter seus nutrientes, como exigem alguns grãos, mas também pode ser inserida em massas, bolos, pães, saladas e sucos. "Para um indivíduo com diabetes, colesterol ou triglicérides elevados, é melhor consumir a semente para o fornecimento de fibra e ômega 3. As pessoas que querem perder peso, entretanto, devem ingerir preferencialmente a farinha ou uma pequena quantidade de sementes e, para aquelas com doença cardiovascular, o óleo é uma boa alternativa", ensina a nutricionista Carolina Chica. A recomendação média é de 5g a 25g por dia, variando de acordo com as diversas indicações. O consumo excessivo pode causar desconforto gástrico e, por ser um alimento muito calórico- duas colheres, de sopa, fornecem aproximadamente 140 Kcal, que equivalem a duas fatias de pão integral- deve ser consumida com moderação e sempre acompanhada de líquidos para uma maior efetividade.
Contraindicada apenas para indivíduos com doenças inflamatórias intestinais, diverticulite e intolerâncias, a chia pode ser consumida por crianças como forma de contribuição no desenvolvimento cognitivo e de aprendizagem. O óleo é o mais indicado para menores de 1 ano, enquanto a semente é ideal para crianças maiores. As mulheres grávidas também podem ingerir o grão chia devido à presença dos ácidos graxos, essenciais durante a gravidez e a lactação, para o desenvolvimento visual e neural do feto. "Estamos desenvolvendo um estudo no Chile com um grupo de mulheres que consomem óleo de chia na gestação e na lactação e, até agora, os resultados são surpreendentes. A quantidade de ácidos graxos ômega 3 no leite materno e no sangue do grupo de mães e recém-nascidos aumentou significativamente em relação ao grupo que consumia óleo de peixe", relata Carolina Chica.