15.9.06

SAÚDE TODA VIDA!

A INFÂNCIA É O MOMENTO DE FORMAR OS BONS HÁBITOS QUE VÃO AJUDAR NA ADOLESCÊNCIA E NA FASE ADULTA"Filhos? Melhor não tê- los! Mas se não os temos, como sabê- los?" Quase todo mundo conhece o início do POEMA ENJOADINHO, de Vinicius de Moraes, mas nem todos o leram até o fim. O poeta- que provavelmente era pai recente quando o escreveu- se derrete e diz que, apesar do trabalho que dão, se não tivermos filhos, "como saber/ que macieza/ nos seus cabelos/ que cheiro morno/ na sua carne/ que gosto doce/ na sua boca!". E conclui: "Que coisa louca/ que coisa linda/ que os filhos são!"
Os pais sabem que é exatamente assim: criança exige cuidados e atenção constante, mas não há coisa igual- e tudo fica ainda melhor quando ela é saudável, bem nutrida, equilibrada e feliz.
Para os pais, o que importa é saber se estão fazendo tudo direito, a começar pelos cuidados com a saúde e a alimentação. Aprendemos que a boa alimentação é a base para o desenvolvimento saudável, mas as dúvidas de uma mãe parecem intermináveis. Será que o bebe ainda está com fome? Por que ele chora? Meu filho está crescendo direito? Por que ele come tão pouco? É claro que não existem respostas prontas, sob medida para cada filho. O que se pode fazer é buscar informações confiáveis, usar o bom- senso, nunca se descuidar de tudo o que envolve alimentação, nutrição e qualidade de vida e, evidentemente, não poupar carinho e estímulo.

ALIMENTAÇÃO SEM ERRONo início, não há como errar: amamentação é a palavra mágica, o presente da natureza a mães e filhos, capaz de gratificar profundamente a ambos. A partir dos 6 (seis) meses de vida, a dieta do bebê já pode incorporar sucos e papas de frutas, legumes e cereais, numa transição para a alimentação mais sólida. Os cuidados necessários nessa etapa devem se concentrar na qualidade dos alimentos e na forma de preparo, para que não ocorra nenhum tipo de contaminação.
Em seguida, acrescentam- se ao cardápio as refeições salgadas, que devem ser ainda pastosas e com pouco tempero. Em geral, nessa fase de transição esses alimentos complementam a dieta da criança, na qual se recomenda manter a amamentação até o segundo ano de vida. Com a introdução de receitas mais sólidas, entram em cena a mastigação e a necessidade de variar a consistência, os sabores e as texturas dos alimentos oferecidos.
Nessa fase, é comum que as mães se queixem da falta de apetite do filho, que pode ocorrer por diferentes motivos, entre os quais até mesmo a oportunidade de "chamar a atenção", quando a criança percebe a importância que os pais dão à refeição. Porém, é bom lembrar que a falta de apetite também pode indicar um desequilíbrio orgânico- e se a criança recusar sistematicamente os alimentos é hora de procurar o pediatra.

DESCOBRINDO O MUNDO
Chega enfim o momento de grandes mudanças: aos poucos, o filho começa a falar, a andar, a se interessar pelo ambiente que o cerca e a manifestar preferência por determinados alimentos e repúdio por outros. Logo estará na pré- escola, quando, inevitavelmente, começam a aparecer as guloseimas preparadas e servidas longe dos olhos dos pais. Nessa idade, desenvolve- se uma série de funções de natureza física, cognitiva e motora, e a nutrição adquire importância vital como meio de prevenir doenças e promover o desenvolvimento saudável.
Como é praticamente impossível manter um controle rígido, os nutricionistas concordam que a saída é a orientação: evitar doces, balas, chocolate e refrigerantes, sem total permissividade. Isso significa estabelecer limites e autoridade, o que vale para o comportamento da criança de modo geral, e não só quanto à alimentação.
É nessa fase que se estabelecem hábitos- e os bons exemplos devem começar em casa, como um modelo a ser seguido. Dentro do possível, a família deve fazer as refeições em conjunto, em ambiente adequado, e adotar um cardápio diversificado, com lugar para frutas, legumes, verduras, cereais e outros alimentos nutritivos e de boa qualidade.

ESTÍMULOS E ESPORTE
No período escolar, a criança também começa a socialização com colegas de sua idade, e é natural que ocorram mudanças de comportamento. Em constante movimento e com uma inesgotável curiosidade a respeito de tudo, o filho passa a se sentir mais independente, ao mesmo tempo em que é mais suscetível à influência dos amigos. É a hora de incentivar ainda mais os hábitos que podem se tornar perenes, como o gosto pela leitura, pela música e pelas atividades físicas.
É senso comum que o esporte ajuda a preparar a criança para os desafios da vida, a evitar a obesidade e a tornar o corpo mais forte e saudável. As aulas de educação física são particularmente importantes, tanto para a boa formação corporal quanto para a socialização e a disciplina.
A prática de esportes, por sua vez, não deve representar sacrifícios ou obrigação. Deve ser divertida e prazerosa, sem pressões ou excesso de competitividade. O ideal é estimular a criança a praticar uma modalidade na qual mostre habilidade, a fim de reforçar sua auto- estima e evitar frustrações.
Por outro lado, a prática esportiva aumenta significativamente as necessidades de nutrientes. Por isso o cardápio requer cuidados especiais, a começar por um desjejum completo, com iogurte, frutas, sucos e cereais. O leite e seus derivados constituem uma importante fonte de cálcio e proteína e podem ser oferecidos em pelo menos 4 porções ao dia, na forma de queijos e iogurtes, nos lanches no meio da manhã e à tarde.
Almoço e jantar devem ser bem balanceados, com destaque para alimentos ricos em proteína, como iogurte e ovos. Ao longo do dia, a criança esportista deve beber muito líquido, de preferência água, sucos ou iogurte, para recuperar as perdas. Os sucos de frutas cítricas, como laranja, limão e acerola, contem a dose necessária de vitamina C, enquanto alimentos como a cenoura são ricos em vitamina A. Cereais integrais fornecem vitaminas B1 e B2; a gema de ovo supre as necessidades de vitamina D.
A tendência de pais cuidadosos é exagerar na preocupação com o desenvolvimento dos filhos. Isso é natural, mas há que se levar em conta que o mundo mudou, a maioria das mães trabalha fora de casa e as crianças recebem uma quantidade muito maior de informações do que as gerações anteriores. A realidade é que os filhos crescem e começam a voar sozinhos. Mas a gente, com certeza, vai passar a vida repetindo: "Que coisa louca/ que coisa linda/ que os filhos são!"

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